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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Tiques ou Cacoetes

                   Impulsos e entusiasmos reprimidos

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Trata-se de um distúrbio neuropsiquiátrico do comportamento, que na sua grande maioria começa na infância.
A simples presença de tique, principalmente em crianças, não caracteriza a síndrome de Tourette, visto que são relativamente comuns esses sintomas em alguns momentos. Na maioria dos casos, tendem a diminuir em número e frequência até o fim da adolescência.
Para ser caracterizado como distúrbio, os fenômenos compulsivos devem perdurar por pelo menos um ano, mesmo que os sintomas apresentem variações de estilo e local do corpo afetado pelos cacoetes, ou mesmo que alternem entre motor e vocal. Toda forma de cacoete acentua-se pela ansiedade, tensão emocional e estresse.
É reduzida a intensidade de manifestação durante o sono e a prática de atividades que exigem concentração. Também podem ser suprimidos pela vontade.

Os tiques são definidos como movimentos anormais, de natureza crônica e manifestações breves, rápidas, súbitas, irresistíveis e sem propósitos que justifiquem a realização dos movimentos. Apresentam graus variáveis, de leve a grave, e flutuam ao longo do tempo.
O grau leve consiste em tiques motores simples, caracterizados por movimentos abruptos, envolvendo contrações musculares, principalmente dos olhos (piscar); também acontecem movimentos de torção do nariz e boca. O grave equivale a tiques motores complexos, que são mais lentos e parecem propositais, tais como: imitação dos gestos dos outros, gestos obscenos ou bizarros, movimentos violentos como arremesso de objetos, etc.

Além dos tiques motores, que caracterizam o cacoete, existem também os tiques verbais ou vocais e os tiques sensitivos ou sinais acessórios. Os tiques vocais também tem graus simples e complexos. Os tiques vocais simples mais comuns são coçar a garganta e fungar; os mais complexos são: repetição involuntária de frases ou palavras de outrem (ecolalia), uso repetido de palavras com sonoridade complexa ou exótica, inseridas aleatoriamente no meio das frases; palavras chulas ou obscenas pronunciadas inadvertidamente, etc.

Os tiques sensitivos são definidos como sensações somáticas de peso, leveza, frio e calor, que ocorrem nas articulações e nos músculos, obrigando a pessoa a executar um movimento voluntário para obter alívio das sensações de desconforto.
 
Na concepção metafísica, os tiques refletem a má administração dos próprios impulsos. Num determinado momento a criança extravasa-os exageradamente, tornando-se irrequieta. Sua inquietude pode incomodar os adultos, bem como perturbar a tranquilidade do ambiente. Imediatamente, ela costuma ser tolhida e obrigada a se conter sob a ameaça de punição. A força motriz é inerente ao ser humano. Ela está presente em todas as fases da vida: na infância, na adolescência e na vida adulta. As crianças se tornam a principal fonte geradora dos cacoetes.
Nessa fase do desenvolvimento elas estão descobrindo os prazeres existenciais. Encantadas com as sensações agradáveis promovidas pela prática de certas atividades, empolgam-se e não querem parar de brincar.
Quando são impossibilitadas de continuar a brincadeira, experimentam o “gosto amargo” dos limites impostos pelos pais.
Impossibilitadas de fazerem o que gostam e sem idoneidade existencial para escolherem livremente outra atividade prazerosa, para canalizar a impulsividade, reprimem-se. Como ainda não desenvolveram os recursos emocionais para elaborar as frustrações, sentem-se tolhidas.

A dificuldade de elaboração interior consiste principalmente em não saber esperar o momento oportuno para apreciar, por exemplo, outra brincadeira.
As crianças são imediatistas: não admitem a possibilidade de vir a ter mais tarde ou fazer posteriormente o que apreciam. As coisas precisam ser realizadas naquele exato momento.
O único recurso de que dispõem para manifestar a sua impulsividade, quando tolhidas pelos adultos, é a teimosia.
Elas manifestam sua insatisfação fazendo birras, que funcionam como uma espécie de “válvula de escape” para extravasar sua voracidade. Além de serem impedidas de continuarem executando atividades agradáveis, também são recriminadas por reagir ostensivamente às negativas impostas pelos cuidadores.
Em vez de serem orientadas a respeito dos motivos que as impedem de continuarem se divertindo, são condenadas a parar imediatamente com as birras. Esses recalques da impulsividade podem, metafisicamente, desencadear na criança os cacoetes.
Vale considerar que a imposição dos limites é fundamentalmente importante para o desenvolvimento emocional das crianças.
Por meio deles, elas começam a desenvolver elementos interiores para elaborar suas frustrações.
Por causa da falta de habilidade para elaboração interior de suas paixões, os jovens tornam-se contestadores.

Não raro, rebelam-se veementemente contra quaisquer limites impostos a eles. Principalmente no que diz respeito à repreensão da prática de atividades satisfatórias.
Eles tem dificuldades para conceber a subjetividade, ou seja, que numa ocasião oportuna, poderão saciar seus desejos, bem como que a vida é uma fonte inesgotável de prazer. Portanto, poderão repetir inúmeras outras vezes aquelas atividades satisfatórias.
Na fase da adolescência, os impulsos são os mesmos dos adultos, exceto pela presença dos hormônios no organismo, que se encontram em doses mais elevadas; isso intensifica as sensações, dando a eles uma impetuosidade maior.

Quando são instigados por alguma atividade prazerosa, ficam tomados pela empolgação e tem dificuldade para exercerem o controle sobre suas próprias emoções.
Os adultos, por sua vez, não estão nessa fase de ebulição dos hormônios.
Quando impulsionados pelo prazer, conseguem gerenciar melhor suas emoções. Contêm-se diante do que os entusiasmam, sem, no entanto, castrarem-se. Assim sendo, a aceitação dos fatos é mais comum na fase adulta do que na juventude. Quando o adolescente é limitado por alguma impossibilidade, facilmente ele busca subterfúgios para extravasar seus impulsos. Conforme vai se tornando adulto, aprendem a lidar melhor com suas frustrações.
Esse é o processo de maturidade emocional.

Muitos pais preferem simplesmente impor a sua autoridade sobre seus filhos, em vez de lhes dar explicações. É mais fácil recriminar do que ficar dando explicações. Sem contar aqueles pais que não tem paciência ou extravasam na criança as suas próprias frustrações ou revoltas; isso demonstra ausência de maturidade.
A falta de estabilidade emocional dos pais dificulta a educação dos seus filhos.

Obviamente, é necessário impor limites para as crianças, visto que isso fará parte da vida adulta. Mimar os filhos, sendo muito permissivo a eles, cedendo a todos as suas solicitações implica em não prepará-los para a vida adulta.
Na medida em que as crianças aprendem desde cedo a lidar com as frustrações, elas terão mais chances de se tornarem adultos emocionalmente preparados para lidar com as adversidades da vida. Geralmente, os problemas dos pais repercutem de forma negativa na criança. Pode-se dizer até que, em alguns casos, os filhos pequenos são espelhos das condições emocionais dos próprios pais, principalmente no que diz respeito ao surgimento de seguidos cacoetes.
Quando isso ocorre, pode estar acontecendo dos pais, em virtude do nervosismo ou falta de habilidade na educação, estarem reprimindo com muita veemência seus filhos, dificultando o processos de elaboração interior das frustrações.
Os princípios da metafísica rezam que cada um é responsável pela sua própria condição interna. A maneira como a pessoa elabora as ocorrências existenciais define o estado emocional.

Os eventos exteriores não são determinantes sobre a condição interior.
Assim sendo, não se deve atribuir exclusivamente aos pais as dificuldades que os filhos apresentam, no que diz respeito, por exemplo, à elaboração das frustrações. Mas sim, a maneira como a própria criança lida interiormente com aquilo que ela depara no ambiente ou como os adultos a tratam; mesmo enquanto crianças!
Existem crianças mais impulsivas e outras mais sossegadas.
Enquanto algumas são mais fáceis de lidar, por apresentarem características de personalidade maleáveis, outras precisam de intensas repressões para aprenderem a lidar com os limites.
Na verdade, não se pode julgar os pais, com base nos filhos, pois cada ser é constituído de valores internos.
Assim sendo, cada um é responsável por aquilo que se torna.

Fonte: retirado do livro metafisica da Saúde
 

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Transtorno Bipolar do Humor


 Instabilidade emocional e falta de sustentação interior.


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Estudos recentes do comportamento humano classificaram os temperamentos que migram subitamente de um extremo para o pólo oposto como transtorno bipolar do humor.
As características sintomáticas observadas nesse transtorno revelam-se em forma de comportamentos alternados entre depressão e euforia, associados à irritabilidade; ataques de fúria, agressividade e acesso de raiva; impulsividade e dificuldades nos relacionamentos com a família, no trabalho e também com os amigos.
No tocante à sexualidade, observa-se um intenso apetite para o sexo.
Dentre os principais sintomas destacam-se: depressão com humor irritável; agitação física e/ou mental (psicomotora), inquietação que se alterna com apatia; mania de grandeza e necessidade de aparecer e ser o centro das atenções, seguidas de ataques de inadequação; pensamentos desgovernados, isto é, pensar em várias coisas ao mesmo tempo.
Esse estado ansioso leva as pessoas a lidarem com os acontecimentos de maneira exacerbada, tornando-se num determinado momento intensas, veementes e até agressivas.
Imediatamente, passam para o polo oposto, comportando-se de maneira tímida, indiferente e deprimida.

Dentre as hipóteses levantadas como causas do transtorno bipolar, destaca-se a hereditariedade, ou seja, o histórico familiar de outros membros com quadros semelhantes. Também é apontado o uso abusivo de medicamentos estimulantes, álcool, etc.
Surge com mais frequência na infância e na adolescência.
É quando o jovem apresenta ataques prolongados de raiva ou agressividade; essas reações são conhecidas como uma espécie de tempestades comportamental.
 
Comecemos a compreender os aspectos metafísicos, desde o surgimento mais frequente do transtorno, na juventude.
Os jovens acometidos pelo TBH são inconstantes e emocionalmente instáveis.
Ora se superestimam, achando-se os maiores do mundo, ora comportam-se como se fossem insignificantes perante o grupo.
Isso pode acarretar na transição entre a fase de criança e a maturidade.
Ao ultrapassarem as barreiras do lar, no início do processo de socialização (na adolescência), os jovens perdem a referência familiar que tinham conquistado.
O lugar que ocupavam na família não se transfere para a sociedade.

Eles precisam recomeçar um movimento de conquista de espaço e de identidade social, consequentemente, profissional. É quando a insegurança se acentua, podendo causar reações extremistas, de súbita variação de humor.
A irreverência muito comum entre os jovens é um reflexo da frustração causada pela falta de espaço na sociedade.
O fato de alguns jovens apresentarem uma exagerada irreverência, chegando a ser agressivos, esboça a falta de mobilidade deles, por exemplo, entre os amigos. Como mecanismo de compensação, querem se impor perante os outros e se supervalorizar.
Mas instantes depois, diante de pequenas frustrações, retraem-se, comportando-se de maneira melancólica e deprimida. Esses estados são característicos da baixa resistência emocional do jovem e provocam a intolerância às decepções.

Apesar do surgimento do TBH ocorrer com mais frequência desde a juventude, é na fase adulta que isso fica mais evidente. Ou pelo menos, é quando ocorre tal diagnóstico.
Os adultos com sintoma de TBH costumam exagerar na imposição das suas vontades, geralmente esboçando comportamentos hostis e excedendo na agressividade de forma a causar espanto naqueles que os rodeiam.
É muito difícil conviver com pessoas que tem a síndrome do TBH: elas são inconstantes nas reações. Nunca se sabe qual comportamento esperar delas diante das situações inusitadas. A forma como vão reagir é sempre uma surpresa, a cada hora esboçam uma reação diferente.
Repentinamente passam a agir de maneira oposta: isolam-se, mergulhando numa súbita apatia e depressão.

Essas variações de comportamento são comuns nas pessoas que sofrem do transtorno bipolar do humor.
A velocidade dos pensamentos dificulta exercer controle sobre si mesma, de tal maneira que nem a própria pessoa consegue se compreender ou mesmo se tolerar. Fica difícil organizar-se interiormente para agir com coerência no meio externo.
Quando estão ativas, costumam se vangloriar e supervalorizar-se perante os outros.
Volta e meia fazem sua propaganda, enaltecendo o seu desempenho.
Julgam-se exímias, focalizando os méritos e suas conquistas, usando-os como modelo de sucesso.

Não raro, humilham os outros, inferiorizando-os ao compará-los a si mesmas, enfatizando as situações em que foram bem-sucedidas naquilo que fizeram.
Esse mecanismo refere-se a um comportamento de autoafirmação.
A pessoa enaltece o seu desempenho, sem ser tão prática tampouco eficiente, quanto se julga.
O seu grau de satisfação é baixo, pois nem sempre realiza os seus projetos de vida. As expectativas acerca de si mesma e em relação aos outros ou mesmo sobres os resultados, são muitas.
Obviamente, os resultados não são condizentes com o que foi almejado.
De si mesmas, cobram a perfeição, dos outros, que eles sejam exímios no que lhes foi delegado; no tocante aos resultados, esperam o melhor.
Como a realidade dos fatos não corresponde aos seus anseios, frustram-se.
E, por não saber lidar com as decepções, deprimem-se com frequência.

As pessoas que sofrem de TBH são intensas no que fazem. Principalmente quando a situação é prazerosa, elas tem dificuldade de se controlar, facilmente cometendo exageros. Não sabem lidar com limites; todas as vezes que são barradas, vivenciam elevados níveis de frustração. Como não tem fibra para lidar com elas, desesperam-se e vão para o outro extremo, deprimindo-se.
Nos momentos de euforia, cobram muito das pessoas que as cercam, exigem dos outros o que elas próprias não são capazes de fazer.

As pessoas com TBH, não zelam pelo seu bem-estar interior, geralmente desprezam suas emoções. Focalizam exageradamente as situações externas, dando mais valor aos outros do que a si mesmas e se comportando de maneira hostil nos momentos de pico da agressividade.
A ofensa é um mecanismo ambivalente de atacar aqueles que são significativos na sua vida. O autoabandono, além da agressividade, pode provocar a depressão, que é um reflexo da anulação de si, perante os outros.

Para reverter esses processos de alteração súbita de comportamento, com pico de agressividade ou de depressão, é necessário não se incomodar tanto com as opiniões alheias, dedicar-se mais na realização dos seus objetivos, ser eficiente, determinado e não viver em função da aprovação dos outros.
Deve-se organizar os pensamentos, pois a dificuldade em manter uma linha de raciocínio é pior do que a oscilação de humor.

Procure se fortalecer emocionalmente.
Desenvolva um suporte psicológico para enfrentar as frustrações.
Deixe de ser tão melindroso.
Aceite as pessoas do jeito que são e a realidade da forma que se apresenta.
Reduza as expectativas.
Compreenda que tudo acontece no seu devido tempo e em proporções suficientes para a ocasião. Não adianta esperar muito de um momento apenas, nem querer que aconteça logo o que se anseia.
Ao preservar essas atitudes torna-se, possível fortalecer as emoções e conquistar a estabilidade do humor.

As pessoas que apresentam o transtorno bipolar de humor, devem ter consciência do significado de suas reações, compreender, por exemplo, o que as levam a se comportarem de um jeito desagradável, para poderem ser reformular interiormente, transformando os seus pontos fracos em fatores emocionalmente bem elaborados.
A estabilidade emocional adquirida por meio do autoconhecimento, possibilita o autocontrole, evitando a frequente oscilação de humor.

Fonte: livro Metafísica da Saúde  Vol. 4